sábado, 21 de setembro de 2013

FLORES RARAS De Bruno Barreto



O filme conta a história de um relacionamento entre duas mulheres :a poeta norte‐americana Elizabeth Bishop (Miranda Otto)a arquiteta brasileira Lota de Macedo Soares. ( Glória Pires ) ambientado nos anos 50.Uma célebre poetisa que vem para o Brasil para casa de uma amiga em busca do novo que lhe faça sentir a vivacidade que necessita.É quando conhece Lota e por ela se apaixona...

Arcabouço de um poeta
O pessimismo 
O drama 
E o amor 
A solução...
 

Ler o roteiro do filme não retrataria o que de mais sublime o filme traduz.Esse filme contém o rol de estrelas e as interpretações são majestosas.Miranda Otto tem o olhar penetrante que a câmera clama por mais e Glória Pires a firmeza necessária para a personagem que encarna.A brasileira Glória Pires é sem dúvida uma grande atriz que permeia o filme de talento e voracidade com a sutileza da Miranda,contracenando com a atriz Tracy Middenfort que faz a Mary com suas nuanças muito bem interpretadas.Transformando-se pouco a pouco na oponente.Flores raras fala de um amor de uma arquiteta e uma poetisa.Um roteiro que é um drama real,mas de cores vivas com pitadas de pura poesia.O filme que fala sobre uma poetisa não poderia ser diferente dirigido brilhantemente por Bruno Barreto.



Discorrendo sobre algumas cenas e frases das personagens

Em uma discussão Lota indaga Elizabeth:
-Você é fria.Você nunca falou um eu te amo.E ela  responde:
-Como quer que uma pessoa que cresceu no deserto nade como um peixe.Seria o que posteriormente de forma emblemática recita Elizabeth:

" A arte  de perder não é nenhum mistério" (Elizabeth Bishop /frase contida na fala da personagem)

"...Onde a sombra são os corpos e ninguém se deita". (Elizabeth Bishop /frase contida  no filme)




No início do filme Elizabeth fala sobre a sua melancolia e pessimismo arraigado.Revela a característica dos poetas o arcabouço contido.Como descreve em linha poética em um texto sublime:
"Meus poemas são observações repartidas em frases" (fala do filme de Elizabeth)

No roteiro os diálogos e as cenas são singulares e poéticas.
Os textos também contém diálogos inteligentes e engraçados.Podendo também citar um discurso de teor político quando Elizabeth fala sobre a necessidade que o brasileiro tem de festejar.Sendo algo excessivo!Faz menção ao que constatou de uma nação e de quão complacentes eles são às dores e que manter- se fiel a dor por vários dias é o normal.É o que  fora acostumada a crer como natural.Enquanto isso falava do contexto do Golpe militar demonstrando surpresa pelas pessoas que jogavam futebol no dia seguinte indiferentes  ao contexto e inertes a dor.E  por fim diz :
"Quanto mais se vive em um lugar pouco se sabe sobre ele"

Cena marcante de discurso um tanto reflexivo de uma estrangeira que tem algumas impressões sobre o pais.


O filme não é um mero romance entre duas mulheres.O roteiro,ambiente,música,fotografia e figurino são perfeitos.

O filme é de teor poético e engendra a paisagem,poesia e por fim o drama.De uma fotografia belíssima as cores inicialmente são vivas e no final do filme tornam-se frias e embaçadas condensando um teor dramático e poético. 
E assim indago:

Seria mesmo a poesia o pessimismo de um poeta?
Até mesmo as observações duras...são mesmo 
lindas  observações repartidas em frases.


Elizabethe :  Ganhou o prêmio Pulitzer com o livro "Norte & Sul".Em 1976, foi a primeira mulher a receber  o Prêmio Internacional  Neustadt de Literatura.

...O iceberg seduz a alma
(pois os dois se inventam do quase invisível) a vê-lo assim: concreto, ereto, indivisível. (Trecho do poema  O Iceberg Imaginário do livro Norte e Sul )

Lota: Idealizadora do Parque do Flamengo





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